14.12.09

A metade outlaw do open


            Esta cobertura do Open começa com um esclarecimento. O Open não é reconhecido pelo Velopark como uma competição. É apenas um dia de pista aberta para todos. Está a um passo do outlaw mas não pode ser reconhecido como tal. Não é um problema  e é um caminho.

Dentro desta possibilidade que o VP abriu, a Associação Desafio tem o seu campeonato  e também organiza o TOP 16, este com verdadeira alma e forma outlaw.  Espero que esta  pequena explicação ajude a compreender  porquê o Open não é historicamente o primeiro evento  outlaw do Brasil oficialmente.



Passemos então à ação, que é o que interessa de verdade.  O clima foi generoso com os participantes do Open.  Tarde com belo pôr do sol e noite extremamente agradável, numa época em que o tempo tem sido o maior inimigo das provas de arrancada. Com 80 carros inscritos, parece estar  havendo uma estabilização no número de participantes, que  praticamente repetiu  a edição anterior. Houve um pequeno  crescimento, pois não estavam listados equipamentos do Velopark como dragsters e gols, que desta vez não foram para pista. Destes 80, 33 se inscreveram para participar do campeonato da AD e do  TOP16.



As conversas de box e os comentários após a quinta feira revelaram  que a sensação geral estava correta:  foi o melhor Open do ano. Mesmo com a tradicional ausência de públic,  a disputa acirrada pelo titulo da AD, a genial reviravolta no TOP16 e a sensível melhora do nível geral dos concorrentes levaram a essa conclusão.

No início do Open, a maioria dos participantes andava em carros de 15s a 18s e eram comuns tempos de até 21s.  Nesta quinta, sentado na arquibancada e anotando os tempos dos competidores, não demorou para constatar  que a maioria anda agora entre os  12s e 14s. Progresso excepcional para o período de um ano e uma mostra do valor como evento de base que o Open tem.  Como aqui andam carros de todos os tipos, do carro da mãe até o força livre, comparações são inevitáveis e até mesmo desejáveis e interessantes.



Entre os presentes, um carro campeão e recordista de uma categoria tradicional. Pode-se dizer  com justiça que é um bom carro e que no início da temporada estava  anos luz da maioria dos participantes amadores. Mas o que vi foram vários carros de garagem, que vem e voltam rodando, sendo mais rápidos que ele. Choque de  realidade inevitável. O gol é limitado por regulamentos estanques, enquanto os outros carros estão livres para evoluir. Do ponto de  vista do público e da memória, é um carro de corrida perdendo para um carro de rua. E, é claro, o público gosta, porque na teoria o carro de rua é mais fraco e amador.

Talvez aqui devêssemos nos espelhar nos inventores do esporte. Para eles, para fins de regulamentos e organização, amador é  quem  anda acima dos 10s. É uma boa definição e um parâmetro melhor ainda de ser implantado.


Campeonato da AD

 A última etapa do ano  da AD no Open  foi mesmo um  bom espetáculo.  Teve todas as emoções necessárias que uma competição verdadeira exige. Da euforia à angústia, da preocupação à alegria. Quem estava lá e viu,  teve de se emocionar com os dramas de cada um.

Rafael Andreis da Equipe GSX chegou como o over dog, grande favorito. A seu lado, a convicção dos vitoriosos. Já no início da competição uma junta queimada e dois pistões danificados começam a desmontar suas certezas e seus sonhos.


Mesmo assim, e mostrando por que a  GSX é sempre candidata à vitória,  não se entregou. Ele e o irmão adaptaram a estratégia e foram em busca dos pontos da melhor reação, mesmo com o carro sem condições de corrida. Eles haviam trazido o  Eclipse GSX principal para tentar, se necessário,  bloquear a vitória de algum concorrente. Isto também não deu certo quando a embreagem falhou. Nesta hora  o nível da adrenalina cai e resta apenas  tristeza e frustração ao ver o objetivo de um ano escapando por entre os dedos.


Agora, o título passa para Rafael  Rafastra Grillo (Astra 888) que tem o melhor desempenho da noite com três passadas  corretas de 11.4s a 218/219 km. Com o tempo se esgotando, a pista por fechar e seu adversário direto Sergio Fontes (gol96) com atuação discreta, tudo leva a crer que o titulo é de Rafastra.  Aí vem a notícia: Fontes foi para a pista minutos antes de fechar e fez o melhor tempo da vida, um 11.1 a 220 km.


Era a sua única chance e ele a usou com maestria. Somente a vitória nos 11s interessava para conquistar o  campeonato e foi exatamente isso que buscou e conseguiu. Sergio tornou-se o primeiro bicampeão da AD e comprovou a sua grande capacidade como competidor e estrategista.
Estes três personagens, cada um a sua maneira, fizeram deste Open uma noite memorável, e pode levar anos até que algo semelhante se repita. Colocaram seus nomes na história da AD e o dia será lembrado sempre como  o  momento em que o campeonato teve três donos. Mas todos sabemos - só pode haver um - e foi Fontes.

TOP 16

Para encerrar a noite, faltava o TOP16. Entre os sempre favoritos, já estavam de fora os Irmãos Andreis com seus dois carros e Deme Coradi com o corsinha do Velopark, ícone da internet por seu desempenho surpreendente na pista. Deme estava com problemas desde o início da  competição, mas é o lutador de sempre. Chegou a enviar um integrante da equipe a Lageado para buscar peças para o corsa.  Deu certo, e o carro foi para a pista. Já vinha numa puxada excepcional quando abandonou definitivamente. Uma perda para a competição .

Mas é assim, tristeza de uns , alegria de outros. Abrem novas vagas. Os analistas de plantão concluem que a disputa agora é entre Sergio Fontes (novo top dog), Rafastra, Fabio Benassi (gol 916) e o  a cada dia mais surpreendente Fiat One4seven. Pequenino, invocado e agora com nitro.

Será que é isso mesmo?

O mata-mata começa e Fontes parece ter problemas. Com ele nunca se sabe. Pode ser mesmo problema ou apenas estratégia.

Era problema, e ele perde.

Rafastra agora é favorito, mas problemas com as velas roubam rendimento do motor e ele perde.

Benassi agora é favorito, mas tem de enfrentar o One4seven, que de sua parte não concorda com o favoritismo e tem como arma 90cv de nitro adicionais para contestar.



 É a revenche da noite. O gol tem o tempo de 11.6 e o Fiat 12.1 e veio para pista preparado para chegar a casa dos 11 , um grande feito para o motorzinho de dentista...

Vai ser duro!


O pinheirinho cai, melhor reação para Benassi, melhor 60 pés para o Fiat, que recupera terreno, e aí Gustavo erra a segunda... Ainda tenta descontar uma parte do prejuízo, mas não era possível. Seu primeiro erro decisivo em três provas.

Benassi é agora mais favorito do que nunca. Seus adversários  estão  mais de um segundo atrás. Tá facil!

É mesmo?

Benassi X Bernardo Schimia, figura conhecida na noite . Como  na rua cada sinaleira é uma decisão, Bernardo está tranquilo. Tudo pronto, a luz do pinheirinho cai e com ela as esperanças do Benassi. A ansiedade do the flash foi maior, e ele queimou.


Agora não tem mais palpite, ninguém acredita em mais nada. Final pra lá de inédita: Bernardo Schimia de gol e  o jovem Fabiano Krentz de astra. Dois turbos, duas marcas diferentes. Fabiano chegou na final fazendo ótimas reações. Schimia tem tempo melhor.

Cai novamente o pinheirinho e Fabiano mostra frieza e faz excelente reação. Os carros descem a reta lado a lado, não dá pra saber nada.  O placar mostra tempo menor para Shimia, mas o lado que  sinaliza a vitória é de Fabiano. Mais uma vez a reação o colocou na frente e de lá Bernardo não pode tirá-lo.



Vitória excepcional.  Fabiano  foi o primeiro novato a levar o troféu bielinha para casa. Ainda ganhou o Kit de premiação oferecido pela Imohr, e principalmente, ganhou nosso respeito.

Ainda mais poderia ser dito e  contado sobre esta noite. Muitos foram os personagens e especiais foram os acontecimentos que já fazem parte da memória do outlaw. Novamente a ajuda entre competidores rivais aconteceu, o clima de camaradagem permaneceu mesmo nos momentos de grande tensão.

Foi um grande final para a temporada de 2009.



Lista de inscritos: (clique para ampliar)



Chave do Top 16: (clique para ampliar)





Mais informações sobre o campeonato aqui e sobre o Top 16 aqui



6.12.09

2º SRD Evolução em 2009



É com satisfação que inauguramos a cobertura do Arrancada Outlaw com o 2º SRD de Guaporé. Em um dia excepcionalmente quente, 73 carros de vários tipos e preparações, enfrentaram mais de 50 graus na pista, para competir.


Analisando a cena, a marca mais importante foi a diversidade. Para ser justo, a maioria dos carros ainda é da marca VW, mas isto não significou domínio. No SRD, as opções foram muito mais variadas. Eclipse 4 X 4, Maverick GT turbo, Astra turbo, Dodge Dart V8, Gol turbo, Fiat 147 turbo, Fusca AP turbo FLT estiveram lá lutando pelos melhores tempos.


Na disputa geral, pelos tempos intermediários, o quadro foi semelhante. VW e GM, com muitos concorrentes, e a Fiat também presente. Até alguns raros Ford Escort estavam correndo. O índice de quebras e abandonos, sempre tão significativos nas provas de arrancada, pode ser considerado baixo, especialmente pelo calor e pelo esforço que a disputa lado a lado representa.

A prova foi bem organizada e simples. Os preços de inscrição de R$50,00 (carro e piloto) foram adequados . Não há cobrança adicional por categoria, o valor foi igual para todos. O público pagou R$10,00 e teve acesso a todas as dependências onde estava sendo realizada a prova.

Na chegada, os competidores encontraram os boxes com as reservas e uma mensagem de boas vindas afixada à porta. Detalhes que fazem a diferença. Na parte da manhã e até o meio dia, seguindo o programa, foram realizados os treinos livres, que também serviram para a definição inicial dos tempos de cada piloto.

Com este tempo, a cronometragem pode definir quem se enfrentaria nos níveis programados. Uma boa e simples evolução foi a reclassificação imediata de todo competidor que baixou o tempo inicial dos treinos. Anteriormente, quem baixasse o tempo e mudasse de nível era desclassificado. Agora passa a competir em um tempo mais baixo. Esta modificação reafirma a crença de que ninguém pode ser punido por encontrar meios de fazer seu carro andar melhor.

Na pista a competição foi intensa. Dos níveis mais baixos aos mais altos, a luta foi até o final das três passadas eliminatórias. Sempre é surpreendente ver carros aspirados, completamentes underdog, vencendo carros turbo, de quem sempre se espera supremacia. E isto aconteceu mais de uma vez no domingo. Com o tempo, e a fundamental ajuda do apresentador, estes duelos poderão ser apresentados para o público para que entenda claramente o que ocorre na pista.

A competição por tempos também revelou a lista dos 16 mais rápidos do evento. E estes tiveram a responsabilidade histórica de fazer o primeiro Top 16 em uma competição outlaw aberta. Neste ponto é importante lembrar que os carros da AD estavam entre os mais rápidos do Top 16. Rafael Andreis, com o GSX, vinha durante todo o dia obtendo marcas excepcionais, superando o calor e não sendo ameaçado em nenhum momento por outro competidor. Mesmo um fusca FLT - belo carro - que acabou marcando o segundo tempo do dia, estava abaixo do seu desempenho.

Quando já se esperava o duelo entre estes dois carros, o fusca desistiu, alegando a necessidade de poupar equipamento (?). Conforme o Top 16 transcorria, a constatação era de que a vida de Andreis não seria fácil. A cada puxada, uma nova preocupação e a sensação de que a qualquer vacilo , todo o trabalho do dia estaria perdido. No final, a vitória sobre Rafael Grillo, do Astra 888, garantiu ao Eclipse a maior premiação de um evento de arrancada em 2009 no Rio Grande do Sul.

Rafael, que havia vencido o último Top 16 noVelopark, foi o runner up em Guaporé. O Astra continua sólido, com potência suficiente, mas o piso de Guaporé não o favorece. Assim como os 201 metros não permitem a recuperação do que perde nos 100 metros iniciais. O Astra melhorou o seu tempo em Guaporé, desde a sua última subida à serra, mas mesmo assim foi ultrapassado no campeonato da AD por Rafael Andreis e Sérgio Fontes.

Sérgio Fontes chegou à cidade no sábado, para poder trabalhar com tranquilidade no carro. Na pista, foi o tração dianteira mais rápido do evento, foi preciso na estratégia para o campeonato , e venceu seu nível de tempo. Sua única falha do dia, foi queimar a largada contra no Astra 888, perdendo, assim, a chance de chegar à final do Top 16.


Outro destaque foi Jean Peluso e o Maverick turbo. Jean, que confia no carro, dispensou o reboque e foi rodando desde Porto Alegre até Guaporé. Ele sabia que os 201 metros favorecem os V8 traseiros, e não iria desperdiçar a oportunidade de devolver as derrotas sofridas no Velopark. Foi sempre um show ver suas largadas. Andando de lado a maior parte do tempo, pegou o Astra 888 na semifinal e todos viram que seria uma luta dura. Tudo pronto, o Maverick larga na frente, vai levando a disputa, mas o câmbio não resiste ao esforço. Não foi desta vez.


Mais quartas de final. O Gol de Fábio Benassi, de M/T contra o Fiat 147, de Black argentino. Desde o último Top 16 no Velopark, o Fiat passou a ser encarado como um competidor real. Benassi, que aos poucos vai acertando o carro, teve em Guaporé seu dia de melhor desempenho. Aparentemente, é dele a vantagem. Mas sabemos que nunca dá pra ter certeza. O Fiat tinha uma arma secreta, que até aí não tinha funcionado: uma garrafa de nitro, com 40 cv à disposição. O pessoal do Fiat disse que o sistema não estava funcionando, devido a um curto-circuito na instalação. Mas, como eles estão ficando mestres em criar cortinas de fumaça ...

A pista é dona da decisão. Disputa apertada, Benassi leva uma pequena vantagem, e perde no final. O Fiat está de novo numa semifinal. A quebra do suporte da válvula de alívio do Gol lhe tirou esta vitória. A semifinal do Fiat (que não quebrou nada, mas furou o pneu) foi contra o Eclipse. Correria para encher o pneu, nos dez minutos regulamentares antes da desclassificação. Mais correria para colocar um arame como fusível e tentar uma injeção de nitro de 100 cavalos. O pessoal do Fiat estava disposto a complicar de vez a vida do Eclipse.


De volta ao pinheirinho, calor de mais de 50 graus ali na pista, e o Eclipse faz valer o seu favoritismo. O nitro do 147 não funcionou, mas ele não fez feio, e foi até o fim com o pneu furado. O carro acabou na grama, com o piloto deitado ao lado, à beira do desmaio. E já prometendo que no Velopark, dia 10, tem mais.


Desta vez o Dodge Dart do Alan Pasa não foi um fator determinante, pois quebrou o câmbio no início da classificação, à tarde.

PREMIAÇÃO - CAPÍTULO À PARTE

Nada deve ser melhor e mais importante para um piloto e seu time do que a vitória. Neste quesito, o 2º SRD criou uma nova referência. O vencedor do Top 16, carro e piloto que venceram todos na prova, levaram a maior premiação. Nada mais justo, e nada mais distante do que ocorre normalmente na arrancada, onde a grande segmentação por categoria impede a visibilidade do verdadeiro vencedor.

No SRD, qualquer participante estava habilitado a vencer. Bastava se classificar entre os 16 mais rápidos do dia, e , a partir daí, vencer na pista, em disputa direta, seus adversários. Só um poderia sair vencedor. Nesta primeira prova outlaw com Top 16, a honra coube a Rafael Andreis. E ele realmente dominou o evento, apesar da quebra do motor de arranque e de um vazamento de água do radiador. A recompensa valeu.

A Full Turbos ofereceu um macacão Lico homologado; a Box1, duas horas de dino; a FT, um de seus equipamentos de medição; a Ihmor, um tanque plástico de combustível e um kit de boné e camiseta da marca; e a Power Bass, um jogo de molas Red Coil para permormance. Um belo pacote. Esperamos que possa ser repetido como estímulo real a quem corre pela vitória. A Full Turbo disponibilizou ainda uma sapatilha 38s para o runner up Astra 888, e a Box 1, uma hora no dino.

2010

O 3º SRD já está em andamento. Uma data está sendo escolhida no verão, e virão algumas inovações especialmente para o público. O objetivo é fazer do evento, uma referência, e consagrá-lo como uma prova do circuito outlaw que está nascendo. Neste sentido, todos que fizeram parte da festa estão de parabéns.


RESULTADOS DO EVENTO

1º 779 FELIPE MOHR SCORTT/PRATA 00,196+10,331 10,527
B P Q R Reação 60 Pés 100 M 201 M Pista+R Vel.F
1 D _ + 00,196 02,747 07,009 10,331 10,527 119

(110_114) De 11.000 a 11.499 Segundos
1º 76 PAULO ALEXANDRE MARQUES NUNES OPALA/PRETO 00,416+10,632 11,048
B P Q R Reação 60 Pés 100 M 201 M Pista+R Vel.F
3 E _ + 00,416 02,388 00,000 10,632 11,048 108

(120_124) De 12.000 a 12.499 Segundos
1º 68 FELIPE DUTRA LUVISON PARATI/PRETA 00,654+11,365 12,019
B P Q R Reação 60 Pés 100 M 201 M Pista+R Vel.F
2 D _ + 00,654 02,630 07,379 11,365 12,019 098

(130_134) De 13.000 a 13.499 Segundos
1º 212 LEANDRO XAVIER FRAGA GOL/AZUL 00,278+12,964 13,242
B P Q R Reação 60 Pés 100 M 201 M Pista+R Vel.F
2 D _ + 00,278 02,834 08,362 12,964 13,242 084

TOP 16

Rafael Andreis carro 221 reação 00,442 et 08,177
Rafael Grillo carro 888 reação 00,258 et 08,595

Clique aqui e confira todos os tempos do 2º SRD.