14.12.09

A metade outlaw do open


            Esta cobertura do Open começa com um esclarecimento. O Open não é reconhecido pelo Velopark como uma competição. É apenas um dia de pista aberta para todos. Está a um passo do outlaw mas não pode ser reconhecido como tal. Não é um problema  e é um caminho.

Dentro desta possibilidade que o VP abriu, a Associação Desafio tem o seu campeonato  e também organiza o TOP 16, este com verdadeira alma e forma outlaw.  Espero que esta  pequena explicação ajude a compreender  porquê o Open não é historicamente o primeiro evento  outlaw do Brasil oficialmente.



Passemos então à ação, que é o que interessa de verdade.  O clima foi generoso com os participantes do Open.  Tarde com belo pôr do sol e noite extremamente agradável, numa época em que o tempo tem sido o maior inimigo das provas de arrancada. Com 80 carros inscritos, parece estar  havendo uma estabilização no número de participantes, que  praticamente repetiu  a edição anterior. Houve um pequeno  crescimento, pois não estavam listados equipamentos do Velopark como dragsters e gols, que desta vez não foram para pista. Destes 80, 33 se inscreveram para participar do campeonato da AD e do  TOP16.



As conversas de box e os comentários após a quinta feira revelaram  que a sensação geral estava correta:  foi o melhor Open do ano. Mesmo com a tradicional ausência de públic,  a disputa acirrada pelo titulo da AD, a genial reviravolta no TOP16 e a sensível melhora do nível geral dos concorrentes levaram a essa conclusão.

No início do Open, a maioria dos participantes andava em carros de 15s a 18s e eram comuns tempos de até 21s.  Nesta quinta, sentado na arquibancada e anotando os tempos dos competidores, não demorou para constatar  que a maioria anda agora entre os  12s e 14s. Progresso excepcional para o período de um ano e uma mostra do valor como evento de base que o Open tem.  Como aqui andam carros de todos os tipos, do carro da mãe até o força livre, comparações são inevitáveis e até mesmo desejáveis e interessantes.



Entre os presentes, um carro campeão e recordista de uma categoria tradicional. Pode-se dizer  com justiça que é um bom carro e que no início da temporada estava  anos luz da maioria dos participantes amadores. Mas o que vi foram vários carros de garagem, que vem e voltam rodando, sendo mais rápidos que ele. Choque de  realidade inevitável. O gol é limitado por regulamentos estanques, enquanto os outros carros estão livres para evoluir. Do ponto de  vista do público e da memória, é um carro de corrida perdendo para um carro de rua. E, é claro, o público gosta, porque na teoria o carro de rua é mais fraco e amador.

Talvez aqui devêssemos nos espelhar nos inventores do esporte. Para eles, para fins de regulamentos e organização, amador é  quem  anda acima dos 10s. É uma boa definição e um parâmetro melhor ainda de ser implantado.


Campeonato da AD

 A última etapa do ano  da AD no Open  foi mesmo um  bom espetáculo.  Teve todas as emoções necessárias que uma competição verdadeira exige. Da euforia à angústia, da preocupação à alegria. Quem estava lá e viu,  teve de se emocionar com os dramas de cada um.

Rafael Andreis da Equipe GSX chegou como o over dog, grande favorito. A seu lado, a convicção dos vitoriosos. Já no início da competição uma junta queimada e dois pistões danificados começam a desmontar suas certezas e seus sonhos.


Mesmo assim, e mostrando por que a  GSX é sempre candidata à vitória,  não se entregou. Ele e o irmão adaptaram a estratégia e foram em busca dos pontos da melhor reação, mesmo com o carro sem condições de corrida. Eles haviam trazido o  Eclipse GSX principal para tentar, se necessário,  bloquear a vitória de algum concorrente. Isto também não deu certo quando a embreagem falhou. Nesta hora  o nível da adrenalina cai e resta apenas  tristeza e frustração ao ver o objetivo de um ano escapando por entre os dedos.


Agora, o título passa para Rafael  Rafastra Grillo (Astra 888) que tem o melhor desempenho da noite com três passadas  corretas de 11.4s a 218/219 km. Com o tempo se esgotando, a pista por fechar e seu adversário direto Sergio Fontes (gol96) com atuação discreta, tudo leva a crer que o titulo é de Rafastra.  Aí vem a notícia: Fontes foi para a pista minutos antes de fechar e fez o melhor tempo da vida, um 11.1 a 220 km.


Era a sua única chance e ele a usou com maestria. Somente a vitória nos 11s interessava para conquistar o  campeonato e foi exatamente isso que buscou e conseguiu. Sergio tornou-se o primeiro bicampeão da AD e comprovou a sua grande capacidade como competidor e estrategista.
Estes três personagens, cada um a sua maneira, fizeram deste Open uma noite memorável, e pode levar anos até que algo semelhante se repita. Colocaram seus nomes na história da AD e o dia será lembrado sempre como  o  momento em que o campeonato teve três donos. Mas todos sabemos - só pode haver um - e foi Fontes.

TOP 16

Para encerrar a noite, faltava o TOP16. Entre os sempre favoritos, já estavam de fora os Irmãos Andreis com seus dois carros e Deme Coradi com o corsinha do Velopark, ícone da internet por seu desempenho surpreendente na pista. Deme estava com problemas desde o início da  competição, mas é o lutador de sempre. Chegou a enviar um integrante da equipe a Lageado para buscar peças para o corsa.  Deu certo, e o carro foi para a pista. Já vinha numa puxada excepcional quando abandonou definitivamente. Uma perda para a competição .

Mas é assim, tristeza de uns , alegria de outros. Abrem novas vagas. Os analistas de plantão concluem que a disputa agora é entre Sergio Fontes (novo top dog), Rafastra, Fabio Benassi (gol 916) e o  a cada dia mais surpreendente Fiat One4seven. Pequenino, invocado e agora com nitro.

Será que é isso mesmo?

O mata-mata começa e Fontes parece ter problemas. Com ele nunca se sabe. Pode ser mesmo problema ou apenas estratégia.

Era problema, e ele perde.

Rafastra agora é favorito, mas problemas com as velas roubam rendimento do motor e ele perde.

Benassi agora é favorito, mas tem de enfrentar o One4seven, que de sua parte não concorda com o favoritismo e tem como arma 90cv de nitro adicionais para contestar.



 É a revenche da noite. O gol tem o tempo de 11.6 e o Fiat 12.1 e veio para pista preparado para chegar a casa dos 11 , um grande feito para o motorzinho de dentista...

Vai ser duro!


O pinheirinho cai, melhor reação para Benassi, melhor 60 pés para o Fiat, que recupera terreno, e aí Gustavo erra a segunda... Ainda tenta descontar uma parte do prejuízo, mas não era possível. Seu primeiro erro decisivo em três provas.

Benassi é agora mais favorito do que nunca. Seus adversários  estão  mais de um segundo atrás. Tá facil!

É mesmo?

Benassi X Bernardo Schimia, figura conhecida na noite . Como  na rua cada sinaleira é uma decisão, Bernardo está tranquilo. Tudo pronto, a luz do pinheirinho cai e com ela as esperanças do Benassi. A ansiedade do the flash foi maior, e ele queimou.


Agora não tem mais palpite, ninguém acredita em mais nada. Final pra lá de inédita: Bernardo Schimia de gol e  o jovem Fabiano Krentz de astra. Dois turbos, duas marcas diferentes. Fabiano chegou na final fazendo ótimas reações. Schimia tem tempo melhor.

Cai novamente o pinheirinho e Fabiano mostra frieza e faz excelente reação. Os carros descem a reta lado a lado, não dá pra saber nada.  O placar mostra tempo menor para Shimia, mas o lado que  sinaliza a vitória é de Fabiano. Mais uma vez a reação o colocou na frente e de lá Bernardo não pode tirá-lo.



Vitória excepcional.  Fabiano  foi o primeiro novato a levar o troféu bielinha para casa. Ainda ganhou o Kit de premiação oferecido pela Imohr, e principalmente, ganhou nosso respeito.

Ainda mais poderia ser dito e  contado sobre esta noite. Muitos foram os personagens e especiais foram os acontecimentos que já fazem parte da memória do outlaw. Novamente a ajuda entre competidores rivais aconteceu, o clima de camaradagem permaneceu mesmo nos momentos de grande tensão.

Foi um grande final para a temporada de 2009.



Lista de inscritos: (clique para ampliar)



Chave do Top 16: (clique para ampliar)





Mais informações sobre o campeonato aqui e sobre o Top 16 aqui



6.12.09

2º SRD Evolução em 2009



É com satisfação que inauguramos a cobertura do Arrancada Outlaw com o 2º SRD de Guaporé. Em um dia excepcionalmente quente, 73 carros de vários tipos e preparações, enfrentaram mais de 50 graus na pista, para competir.


Analisando a cena, a marca mais importante foi a diversidade. Para ser justo, a maioria dos carros ainda é da marca VW, mas isto não significou domínio. No SRD, as opções foram muito mais variadas. Eclipse 4 X 4, Maverick GT turbo, Astra turbo, Dodge Dart V8, Gol turbo, Fiat 147 turbo, Fusca AP turbo FLT estiveram lá lutando pelos melhores tempos.


Na disputa geral, pelos tempos intermediários, o quadro foi semelhante. VW e GM, com muitos concorrentes, e a Fiat também presente. Até alguns raros Ford Escort estavam correndo. O índice de quebras e abandonos, sempre tão significativos nas provas de arrancada, pode ser considerado baixo, especialmente pelo calor e pelo esforço que a disputa lado a lado representa.

A prova foi bem organizada e simples. Os preços de inscrição de R$50,00 (carro e piloto) foram adequados . Não há cobrança adicional por categoria, o valor foi igual para todos. O público pagou R$10,00 e teve acesso a todas as dependências onde estava sendo realizada a prova.

Na chegada, os competidores encontraram os boxes com as reservas e uma mensagem de boas vindas afixada à porta. Detalhes que fazem a diferença. Na parte da manhã e até o meio dia, seguindo o programa, foram realizados os treinos livres, que também serviram para a definição inicial dos tempos de cada piloto.

Com este tempo, a cronometragem pode definir quem se enfrentaria nos níveis programados. Uma boa e simples evolução foi a reclassificação imediata de todo competidor que baixou o tempo inicial dos treinos. Anteriormente, quem baixasse o tempo e mudasse de nível era desclassificado. Agora passa a competir em um tempo mais baixo. Esta modificação reafirma a crença de que ninguém pode ser punido por encontrar meios de fazer seu carro andar melhor.

Na pista a competição foi intensa. Dos níveis mais baixos aos mais altos, a luta foi até o final das três passadas eliminatórias. Sempre é surpreendente ver carros aspirados, completamentes underdog, vencendo carros turbo, de quem sempre se espera supremacia. E isto aconteceu mais de uma vez no domingo. Com o tempo, e a fundamental ajuda do apresentador, estes duelos poderão ser apresentados para o público para que entenda claramente o que ocorre na pista.

A competição por tempos também revelou a lista dos 16 mais rápidos do evento. E estes tiveram a responsabilidade histórica de fazer o primeiro Top 16 em uma competição outlaw aberta. Neste ponto é importante lembrar que os carros da AD estavam entre os mais rápidos do Top 16. Rafael Andreis, com o GSX, vinha durante todo o dia obtendo marcas excepcionais, superando o calor e não sendo ameaçado em nenhum momento por outro competidor. Mesmo um fusca FLT - belo carro - que acabou marcando o segundo tempo do dia, estava abaixo do seu desempenho.

Quando já se esperava o duelo entre estes dois carros, o fusca desistiu, alegando a necessidade de poupar equipamento (?). Conforme o Top 16 transcorria, a constatação era de que a vida de Andreis não seria fácil. A cada puxada, uma nova preocupação e a sensação de que a qualquer vacilo , todo o trabalho do dia estaria perdido. No final, a vitória sobre Rafael Grillo, do Astra 888, garantiu ao Eclipse a maior premiação de um evento de arrancada em 2009 no Rio Grande do Sul.

Rafael, que havia vencido o último Top 16 noVelopark, foi o runner up em Guaporé. O Astra continua sólido, com potência suficiente, mas o piso de Guaporé não o favorece. Assim como os 201 metros não permitem a recuperação do que perde nos 100 metros iniciais. O Astra melhorou o seu tempo em Guaporé, desde a sua última subida à serra, mas mesmo assim foi ultrapassado no campeonato da AD por Rafael Andreis e Sérgio Fontes.

Sérgio Fontes chegou à cidade no sábado, para poder trabalhar com tranquilidade no carro. Na pista, foi o tração dianteira mais rápido do evento, foi preciso na estratégia para o campeonato , e venceu seu nível de tempo. Sua única falha do dia, foi queimar a largada contra no Astra 888, perdendo, assim, a chance de chegar à final do Top 16.


Outro destaque foi Jean Peluso e o Maverick turbo. Jean, que confia no carro, dispensou o reboque e foi rodando desde Porto Alegre até Guaporé. Ele sabia que os 201 metros favorecem os V8 traseiros, e não iria desperdiçar a oportunidade de devolver as derrotas sofridas no Velopark. Foi sempre um show ver suas largadas. Andando de lado a maior parte do tempo, pegou o Astra 888 na semifinal e todos viram que seria uma luta dura. Tudo pronto, o Maverick larga na frente, vai levando a disputa, mas o câmbio não resiste ao esforço. Não foi desta vez.


Mais quartas de final. O Gol de Fábio Benassi, de M/T contra o Fiat 147, de Black argentino. Desde o último Top 16 no Velopark, o Fiat passou a ser encarado como um competidor real. Benassi, que aos poucos vai acertando o carro, teve em Guaporé seu dia de melhor desempenho. Aparentemente, é dele a vantagem. Mas sabemos que nunca dá pra ter certeza. O Fiat tinha uma arma secreta, que até aí não tinha funcionado: uma garrafa de nitro, com 40 cv à disposição. O pessoal do Fiat disse que o sistema não estava funcionando, devido a um curto-circuito na instalação. Mas, como eles estão ficando mestres em criar cortinas de fumaça ...

A pista é dona da decisão. Disputa apertada, Benassi leva uma pequena vantagem, e perde no final. O Fiat está de novo numa semifinal. A quebra do suporte da válvula de alívio do Gol lhe tirou esta vitória. A semifinal do Fiat (que não quebrou nada, mas furou o pneu) foi contra o Eclipse. Correria para encher o pneu, nos dez minutos regulamentares antes da desclassificação. Mais correria para colocar um arame como fusível e tentar uma injeção de nitro de 100 cavalos. O pessoal do Fiat estava disposto a complicar de vez a vida do Eclipse.


De volta ao pinheirinho, calor de mais de 50 graus ali na pista, e o Eclipse faz valer o seu favoritismo. O nitro do 147 não funcionou, mas ele não fez feio, e foi até o fim com o pneu furado. O carro acabou na grama, com o piloto deitado ao lado, à beira do desmaio. E já prometendo que no Velopark, dia 10, tem mais.


Desta vez o Dodge Dart do Alan Pasa não foi um fator determinante, pois quebrou o câmbio no início da classificação, à tarde.

PREMIAÇÃO - CAPÍTULO À PARTE

Nada deve ser melhor e mais importante para um piloto e seu time do que a vitória. Neste quesito, o 2º SRD criou uma nova referência. O vencedor do Top 16, carro e piloto que venceram todos na prova, levaram a maior premiação. Nada mais justo, e nada mais distante do que ocorre normalmente na arrancada, onde a grande segmentação por categoria impede a visibilidade do verdadeiro vencedor.

No SRD, qualquer participante estava habilitado a vencer. Bastava se classificar entre os 16 mais rápidos do dia, e , a partir daí, vencer na pista, em disputa direta, seus adversários. Só um poderia sair vencedor. Nesta primeira prova outlaw com Top 16, a honra coube a Rafael Andreis. E ele realmente dominou o evento, apesar da quebra do motor de arranque e de um vazamento de água do radiador. A recompensa valeu.

A Full Turbos ofereceu um macacão Lico homologado; a Box1, duas horas de dino; a FT, um de seus equipamentos de medição; a Ihmor, um tanque plástico de combustível e um kit de boné e camiseta da marca; e a Power Bass, um jogo de molas Red Coil para permormance. Um belo pacote. Esperamos que possa ser repetido como estímulo real a quem corre pela vitória. A Full Turbo disponibilizou ainda uma sapatilha 38s para o runner up Astra 888, e a Box 1, uma hora no dino.

2010

O 3º SRD já está em andamento. Uma data está sendo escolhida no verão, e virão algumas inovações especialmente para o público. O objetivo é fazer do evento, uma referência, e consagrá-lo como uma prova do circuito outlaw que está nascendo. Neste sentido, todos que fizeram parte da festa estão de parabéns.


RESULTADOS DO EVENTO

1º 779 FELIPE MOHR SCORTT/PRATA 00,196+10,331 10,527
B P Q R Reação 60 Pés 100 M 201 M Pista+R Vel.F
1 D _ + 00,196 02,747 07,009 10,331 10,527 119

(110_114) De 11.000 a 11.499 Segundos
1º 76 PAULO ALEXANDRE MARQUES NUNES OPALA/PRETO 00,416+10,632 11,048
B P Q R Reação 60 Pés 100 M 201 M Pista+R Vel.F
3 E _ + 00,416 02,388 00,000 10,632 11,048 108

(120_124) De 12.000 a 12.499 Segundos
1º 68 FELIPE DUTRA LUVISON PARATI/PRETA 00,654+11,365 12,019
B P Q R Reação 60 Pés 100 M 201 M Pista+R Vel.F
2 D _ + 00,654 02,630 07,379 11,365 12,019 098

(130_134) De 13.000 a 13.499 Segundos
1º 212 LEANDRO XAVIER FRAGA GOL/AZUL 00,278+12,964 13,242
B P Q R Reação 60 Pés 100 M 201 M Pista+R Vel.F
2 D _ + 00,278 02,834 08,362 12,964 13,242 084

TOP 16

Rafael Andreis carro 221 reação 00,442 et 08,177
Rafael Grillo carro 888 reação 00,258 et 08,595

Clique aqui e confira todos os tempos do 2º SRD.

15.11.09

Vencendo a lei da gravidade





A corrida de arrancada é uma luta constante contra lei da gravidade. A gravidade produz o peso que impede que o carro ganhe velocidade, pois tenta "prendê-lo" ao chão. E, ao mesmo tempo, também é uma grande aliada, pois possibilita a tração que lança o carro pra frente.

Podemos facilmente compreender que temos sempre que vencer a gravidade, mas tirando proveito da sua força. Corrida de arrancada é usar a força da gravidade, para vencê-la.

Esta analogia nos mostra que algo que parece
divergente é, na verdade, complementar.

Essa é a essência do outlaw.

Desde que arrancada iniciou como esporte organizado, com o trabalho pioneiro de Whally Parks, também surgiram grupos que seguiram praticando a arrancada com variações destas mesmas regras.

Hoje, especialmente na América do Norte, o mundo outlaw é muito grande e sua importância econômica como mercado de consumo de peças e serviços não pode ser desprezada. Nem, tampouco, pode deixar de ser reconhecida sua capacidade de formar e fornecer competidores para todos os setores do esporte.

Entre nós, o outlaw é tão antigo quanto a arrancada, e até anterior a ela. Nas primeiras competições a participação era aberta a qualquer tipo de competidor.

Este espírito é o que o outlaw busca resgatar. Já existem algumas competições com este formato ocorrendo pelo Brasil, e também por todo interior do Rio Grande do Sul em pistas privadas, que precisam de competidores para garantir suas receitas.

Nos últimos anos o movimento outlaw vem ganhando força, e tem na Associação Desafio seu principal representante aqui no sul do pais. Competindo desde 2006 a partir do Campeonato Metropolitano, e nos anos seguintes em Tarumã, Santa Cruz do Sul, e depois no Velopark, abriu espaço para que novos nomes chegassem ao esporte, contribuiu na popularização de marcas ligadas à competição.

Neste final de ano, mais um passo foi dado em Guaporé, para que este caminho em busca da acessibilidade ao esporte se solidifique. A primeira edição do
Street Rules Day, que é um evento aberto, que não impõe barreiras a quem deseja participar, permitiu a elevação de mais um degrau ao trazer a necessidade da divulgação dos seus resultados para o maior público possível.

Este é o objetivo deste espaço Arrancada Outlaw. Mostrar para o público quem são os novos destaques na arrancada do sul de outro ângulo. Seus feitos, resultados, os produtos que utilizam, as empresas que os apoiam. É mais uma contribuição para o desenvolvimento do esporte na nossa comunidade.

A partir de agora, com a ajuda de nossos colaboradores, vamos divulgar informações, notícias, comentários e fatos sobre os participantes do mundo outlaw.

É importante que algo fique bem claro: assim como a arrancada não existiria sem a gravidade, o outlaw e a arrancada técnica tradicional são complementares. São faces de uma mesma moeda e por aqui poderemos ver esta integração.

Para quem já conhece e para os que chegarão agora, desejo uma boa viagem. Estaremos vivenciando juntos mais um capítulo desta história.




O 2º SRD já tem a data marcada para dia 29 de novembro, um domingo, em Guaporé. Este evento está atraindo as atrações no alto da serra e também em toda a região metropolitana de Porto Alegre. No primeiro, participaram 82 competidores, em sua maioria do interior do estado. A Associação Desafio participou com menos de 10 carros, mas o objetivo era claramente prestigiar o nascimento da competição.

Mesmo assim, conseguiu bom destaque e trouxe alegria para o público presente. O formato do evento, simples e rápido, foi muito bem aceito pelos participantes. Os competidores se enfrentaram de acordo com seus tempos, sendo livre a preparação, tipo de tração e também o tipo de equipamento. A chamada dos competidore pelo alto falante organizando o alinhamento sempre com carros de tempos compatíveis, tornou a competição muito atraente para o público e também para os participantes.


Para esta segunda edição, teremos mais algumas novidades.

Pela primeira vez será realizado no interior o TOP 16. Esta competição, apresentada pela primeira vez no Velopark em dezembro de 2008, é a base da arrancada em todo o mundo. A AD trouxe o formato, fez algumas alterações em seu funcionamento, e aqui o campo de 16 carros é formado pelos 16 mais rápidos do dia que estão em condições de competir. Quando um competidor classificado tem de desistir, é susbstituido pelo imediatamente classificado.

Ao final, temos um campeão do dia e do evento, que será conhecido pela torcida e poderá promover seus patrocinadores.

Além disso, haverá competições por nível de tempo, que terão seus respectivos vencedores entre todos os tipos de carros que comparacerem. Desta vez não haverá desclassificação. Se algum competidor baixar seu tempo inicial da classificação, será colocado no novo nível ao qual se habilitou e nele disputará a vitória. Esta atitude dá reconhecimento a quem consegue baixar seu tempo, em um esporte que é justamente sobre isso: andar cada vez mais rápido.

Outro atrativo que se somará ao evento é a 5ª Etapa do Campeonato da Associação Desafio, que acontecerá paralelamente ao SRD. Todo o pessoal que disputa a ponta e a premiação do 3º CAD, vai a Guaporé com muita expectativa, pois será a primeira vez em anos que uma etapa terá 201m. E isto traz novos favoritos e pode mudar os resultados.

Abaixo, a pontuação até o final da quarta etapa:

Piloto 1º etapa 2º etapa 3º etapa 4º etapa Total


1 Rafael Pires "Rafastra" 61.36 53.69 69.08 52.603 236.728


2 Rafael Andreis 48.15 64.1 64.422 54.989 231.666


3 Sergio Fontes 49.63 53.25 62.89 62.913 228.677


4 Leandro Fraga "Toco" 49.45 66.37 51.77 49.749 217.338


5 Otávio Bresolin 42.33 43.61 69.67 54.805 210.413

6 Jean Carlo Peluso 51.76 51.94 52.39 51.398 207.478


7 "Robertinha" Rodrigues 44.97 45.04 46.92 45.85 182.781


8 Thales "Oliveira" 47.55 45.61 41.64 45.12 179.92

9 Felipe Fontes 38.32 39.71 40.09 60.758 178.883


10 Demétrio Coradi "Deme" 52.32 35.2 54.48 36.211 178.206


Pouquíssimos pontos separam os primeiros colocados. O que significa que não é possivel fazer uma previsão sobre quem será o vencedor.

Mas podemos fazer algumas considerações:

- Rafael Pires, que vem mantendo a liderança do campeonato é o rosto novo no topo do placar. Rafael participa com a AD desde os tempos do Metropolitano no sambódromo, mas em 2008 e 2009 o seu trabalho no Astra 888 adquiriu consistência, tornando-se muito rápido e eficiente. Tem conseguido seus melhores desempenhos no Velopark, e Guaporé não o favorece. É um tração dianteira, lutando em um piso com menos tração que a dragstrip do sul. Sua grande arma - além da velocidade - é a confiabilidade. Desde 2008 o Astra não tem uma quebra significativa devido ao cuidado que Rafael dispensa ao equipamento.


- Rafael Andreis, quer vencer o campeonato. Sua melhor arma em Guaporé é o Eclipse 4x4. Dono de marcas de 60 pés difíceis de serem batidas, este carro com tração integral agora vem impulsionado com a ajuda de uma Bulls Eye e os irmaõs afirmam que isto fez toda a diferença. No Velopark, o carro tem apresentado alguma deficiência de hps em alta, mas seus tempos são baixos, pois as parciais do início sempre lhe garantem bom desempenho. Em Guaporé, terá o campo ideal para conseguir um bom resultado.


- Sergio Fontes e o Gol 96 já estão novamente no páreo no final. Ganhador de um título e vice em outro por detalhe, engana-se quem imaginar que ele pode estar de fora da disputa pelo campeonato. Em 2009, trabalhou bastante no desenvolvimento do carro e não conseguiu colocar na pista ainda tudo o que esperava. Mas certamente conseguirá. Agora de M/T, sempre tem muito cuidado com a estratégia e na pista é um competidor feroz. Não gosta de perder.


- Allan Pasa e seu Dodge. É o wildcard na situação. Allan tem um carro muito rápido, com as primeiras parciais tão boas como as do Eclipse e é um campeão na serra. É rookie na AD, não disputa o campeonato desde o início, mas poderá ser o fator de desequilíbrio, para qualquer lado. Dele se esperam os melhores espetáculos do dia. Além de rápido, é constante e não quebra.



Nas próximas edições do Arrancada Outlaw seguiremos apresentando os competidores e suas possibilidades.