Dentro desta possibilidade que o VP abriu, a Associação Desafio tem o seu campeonato e também organiza o TOP 16, este com verdadeira alma e forma outlaw. Espero que esta pequena explicação ajude a compreender porquê o Open não é historicamente o primeiro evento outlaw do Brasil oficialmente.
Passemos então à ação, que é o que interessa de verdade. O clima foi generoso com os participantes do Open. Tarde com belo pôr do sol e noite extremamente agradável, numa época em que o tempo tem sido o maior inimigo das provas de arrancada. Com 80 carros inscritos, parece estar havendo uma estabilização no número de participantes, que praticamente repetiu a edição anterior. Houve um pequeno crescimento, pois não estavam listados equipamentos do Velopark como dragsters e gols, que desta vez não foram para pista. Destes 80, 33 se inscreveram para participar do campeonato da AD e do TOP16.
As conversas de box e os comentários após a quinta feira revelaram que a sensação geral estava correta: foi o melhor Open do ano. Mesmo com a tradicional ausência de públic, a disputa acirrada pelo titulo da AD, a genial reviravolta no TOP16 e a sensível melhora do nível geral dos concorrentes levaram a essa conclusão.
No início do Open, a maioria dos participantes andava em carros de 15s a 18s e eram comuns tempos de até 21s. Nesta quinta, sentado na arquibancada e anotando os tempos dos competidores, não demorou para constatar que a maioria anda agora entre os 12s e 14s. Progresso excepcional para o período de um ano e uma mostra do valor como evento de base que o Open tem. Como aqui andam carros de todos os tipos, do carro da mãe até o força livre, comparações são inevitáveis e até mesmo desejáveis e interessantes.
Entre os presentes, um carro campeão e recordista de uma categoria tradicional. Pode-se dizer com justiça que é um bom carro e que no início da temporada estava anos luz da maioria dos participantes amadores. Mas o que vi foram vários carros de garagem, que vem e voltam rodando, sendo mais rápidos que ele. Choque de realidade inevitável. O gol é limitado por regulamentos estanques, enquanto os outros carros estão livres para evoluir. Do ponto de vista do público e da memória, é um carro de corrida perdendo para um carro de rua. E, é claro, o público gosta, porque na teoria o carro de rua é mais fraco e amador.
Talvez aqui devêssemos nos espelhar nos inventores do esporte. Para eles, para fins de regulamentos e organização, amador é quem anda acima dos 10s. É uma boa definição e um parâmetro melhor ainda de ser implantado.
Campeonato da AD
A última etapa do ano da AD no Open foi mesmo um bom espetáculo. Teve todas as emoções necessárias que uma competição verdadeira exige. Da euforia à angústia, da preocupação à alegria. Quem estava lá e viu, teve de se emocionar com os dramas de cada um.
Rafael Andreis da Equipe GSX chegou como o over dog, grande favorito. A seu lado, a convicção dos vitoriosos. Já no início da competição uma junta queimada e dois pistões danificados começam a desmontar suas certezas e seus sonhos.
Mesmo assim, e mostrando por que a GSX é sempre candidata à vitória, não se entregou. Ele e o irmão adaptaram a estratégia e foram em busca dos pontos da melhor reação, mesmo com o carro sem condições de corrida. Eles haviam trazido o Eclipse GSX principal para tentar, se necessário, bloquear a vitória de algum concorrente. Isto também não deu certo quando a embreagem falhou. Nesta hora o nível da adrenalina cai e resta apenas tristeza e frustração ao ver o objetivo de um ano escapando por entre os dedos.
Agora, o título passa para Rafael Rafastra Grillo (Astra 888) que tem o melhor desempenho da noite com três passadas corretas de 11.4s a 218/219 km. Com o tempo se esgotando, a pista por fechar e seu adversário direto Sergio Fontes (gol96) com atuação discreta, tudo leva a crer que o titulo é de Rafastra. Aí vem a notícia: Fontes foi para a pista minutos antes de fechar e fez o melhor tempo da vida, um 11.1 a 220 km.
Era a sua única chance e ele a usou com maestria. Somente a vitória nos 11s interessava para conquistar o campeonato e foi exatamente isso que buscou e conseguiu. Sergio tornou-se o primeiro bicampeão da AD e comprovou a sua grande capacidade como competidor e estrategista.
Estes três personagens, cada um a sua maneira, fizeram deste Open uma noite memorável, e pode levar anos até que algo semelhante se repita. Colocaram seus nomes na história da AD e o dia será lembrado sempre como o momento em que o campeonato teve três donos. Mas todos sabemos - só pode haver um - e foi Fontes.
TOP 16
Para encerrar a noite, faltava o TOP16. Entre os sempre favoritos, já estavam de fora os Irmãos Andreis com seus dois carros e Deme Coradi com o corsinha do Velopark, ícone da internet por seu desempenho surpreendente na pista. Deme estava com problemas desde o início da competição, mas é o lutador de sempre. Chegou a enviar um integrante da equipe a Lageado para buscar peças para o corsa. Deu certo, e o carro foi para a pista. Já vinha numa puxada excepcional quando abandonou definitivamente. Uma perda para a competição .
Mas é assim, tristeza de uns , alegria de outros. Abrem novas vagas. Os analistas de plantão concluem que a disputa agora é entre Sergio Fontes (novo top dog), Rafastra, Fabio Benassi (gol 916) e o a cada dia mais surpreendente Fiat One4seven. Pequenino, invocado e agora com nitro.
Será que é isso mesmo?
O mata-mata começa e Fontes parece ter problemas. Com ele nunca se sabe. Pode ser mesmo problema ou apenas estratégia.
Era problema, e ele perde.
Rafastra agora é favorito, mas problemas com as velas roubam rendimento do motor e ele perde.
Benassi agora é favorito, mas tem de enfrentar o One4seven, que de sua parte não concorda com o favoritismo e tem como arma 90cv de nitro adicionais para contestar.
É a revenche da noite. O gol tem o tempo de 11.6 e o Fiat 12.1 e veio para pista preparado para chegar a casa dos 11 , um grande feito para o motorzinho de dentista...
Vai ser duro!
O pinheirinho cai, melhor reação para Benassi, melhor 60 pés para o Fiat, que recupera terreno, e aí Gustavo erra a segunda... Ainda tenta descontar uma parte do prejuízo, mas não era possível. Seu primeiro erro decisivo em três provas.
Benassi é agora mais favorito do que nunca. Seus adversários estão mais de um segundo atrás. Tá facil!
É mesmo?
Benassi X Bernardo Schimia, figura conhecida na noite . Como na rua cada sinaleira é uma decisão, Bernardo está tranquilo. Tudo pronto, a luz do pinheirinho cai e com ela as esperanças do Benassi. A ansiedade do the flash foi maior, e ele queimou.
Agora não tem mais palpite, ninguém acredita em mais nada. Final pra lá de inédita: Bernardo Schimia de gol e o jovem Fabiano Krentz de astra. Dois turbos, duas marcas diferentes. Fabiano chegou na final fazendo ótimas reações. Schimia tem tempo melhor.
Cai novamente o pinheirinho e Fabiano mostra frieza e faz excelente reação. Os carros descem a reta lado a lado, não dá pra saber nada. O placar mostra tempo menor para Shimia, mas o lado que sinaliza a vitória é de Fabiano. Mais uma vez a reação o colocou na frente e de lá Bernardo não pode tirá-lo.
Vitória excepcional. Fabiano foi o primeiro novato a levar o troféu bielinha para casa. Ainda ganhou o Kit de premiação oferecido pela Imohr, e principalmente, ganhou nosso respeito.
Ainda mais poderia ser dito e contado sobre esta noite. Muitos foram os personagens e especiais foram os acontecimentos que já fazem parte da memória do outlaw. Novamente a ajuda entre competidores rivais aconteceu, o clima de camaradagem permaneceu mesmo nos momentos de grande tensão.
Foi um grande final para a temporada de 2009.
Lista de inscritos: (clique para ampliar)
Chave do Top 16: (clique para ampliar)
Mais informações sobre o campeonato aqui e sobre o Top 16 aqui